Lucro dos bancos corresponde a 14% do custo do crédito

O lucro dos bancos correspondeu a 14,04% do custo do crédito para famílias e empresas, de acordo com dados divulgados hoje (12) pelo Banco Central (BC) no Relatório de Economia Bancária. Além da margem financeira (lucro) dos bancos, os custos do crédito são compostos por inadimplência (38,27%), despesas administrativas (25,55%) e tributos (22,13%). Esses dados são referentes ao ano passado.

Em relação a 2016, o lucro respondeu por 14,41% do custo do crédito para o tomador, a inadimplência por 38,57%, as despesas administrativas, 24,23%, e os tributos, 22,79%.

De acordo com o relatório, a ampliação da concorrência pode tornar os empréstimos mais baratos por meio da redução dos lucros. Segundo o BC, ainda que o lucro tenha menor peso nos custos para o tomador de crédito, ampliar a concorrência é uma “prioridade”. “A instituição [BC] vem tomando medidas para aumentar a disponibilidade de informações às instituições financeiras, adaptar a regulação de acordo com o porte da instituição financeira, fomentar a portabilidade de empréstimos, facilitar o acesso ou mudança de instituição financeira pelos clientes e incentivar inovações financeiras”, diz o BC.

Para o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana, o custo do crédito no país precisa cair mais. Segundo ele, o “esforço” do Banco Central é para que essa redução seja feita de maneira “estrutural e sustentável”.

“Não só queremos como estamos trabalhando para que as taxas de juros caiam mais rapidamente”, disse. Viana destacou que o peso da inadimplência é elevado e para mudar isso é preciso melhorar as garantias dos empréstimos e investir em educação financeira.

O diretor explicou que houve uma mudança na metodologia do cálculo do custo do crédito. Com isso, o peso dos custos administrativos passaram de cerca de 4% para 25% do custo do crédito. Já a parcela do lucro dos bancos, que antes era de cerca de 23%, recuou para 14%.

Segundo o diretor, anteriormente, subestimava-se o peso dos custos administrativos, ao subtrair as receitas com serviços prestados pelos bancos. “Anteriormente, a ideia era que os serviços não eram nada mais do que uma atividade que ajudava a cobrir os custos”, disse. Atualmente, segundo o diretor, os serviços são considerados parte dos negócios do banco, ao lado do crédito.

Para o BC, maior concorrência entre os bancos não requer necessariamente menor nível de concentração bancária (poucos bancos atuando no mercado). “O Banco Central monitora a concentração do Sistema Financeiro Nacional e está atento aos riscos para o sistema e aos possíveis efeitos sobre o spread [diferença entre taxa de captação do dinheiro pelos bancos e a taxa cobrada dos clientes] bancário e outros preços. Entretanto, a relação entre concentração e spreads não é tão direta quanto o senso comum pode sugerir”, pondera. De acordo com o BC, outros fatores estruturais são importantes para se explicar o custo do crédito: despesas administrativas, impostos, margem financeira (lucro) e inadimplência.

De acordo com o relatório, em 2016, o Brasil estava no grupo de países com os sistemas bancários mais concentrados, o que inclui Austrália, Canadá, França, Holanda e Suécia.

No relatório, o BC projeta crescimento de 3% do crédito, este ano. Em março, o BC divulgou projeção maior: 3,5%. O saldo do crédito para pessoas físicas deve crescer 7%, enquanto para as empresas, a previsão é de queda de 2%.

Fonte: Talita Cavalcante e Kelly Oliveira – Agência Brasil
Foto: Arquivo - Agência Brasil
Data: 12/06/2018
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